Luiz do Tremendão, o homem por trás de um dos restaurantes mais tradicionais da cidade
- Felipe Lamellas
- 1 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Personagem conhecido dos ferreirenses, seu Luiz do Tremendão, compartilha no Porto de Memórias desta semana as lembranças do bar e restaurante que há décadas reúne a família ferreirense.
“Eu dou um sorriso/ E jogo o meu cartão/ Dou um até logo/ Já do outro quarteirão/ Olho em meu redor/ E vejo confusão/ Todo mundo quer/ Conquistar meu coração/ Ahaha/ Sou Tremendão/ Tremendão, Tremendão…”
No fim dos anos 60 e início da década de 70 estourava nas rádios de todo o país os sucessos da Jovem Guarda, entre eles “O Tremendão" (1967/) de Erasmo Carlos. Pegando carona no calhambeque da fama, um pequeno bar em Porto Ferreira surgia com o mesmo nome e se consagraria, anos depois, como um dos estabelecimentos mais populares e queridos de nossa cidade.

Pertencente no início ao Luís Fiocki, o Tremendão foi adquirido pela família Vilas Boas na década de 1970 e de lá para cá se tornou ponto de encontro para muitas gerações de ferreirenses. No ano de 1988, Luiz Vilas Boas tornou-se juntamente com sua esposa o proprietário único do estabelecimento e com o tempo a sua trajetória de vida pessoal e a história do Tremendão se misturaram.
Popularmente conhecido como Luiz do Tremendão, Vilas Boas, irmão do Zé Carlos, do Tadeu e do Geraldinho, nasceu na pequena cidade de Santa Rosa do Viterbo, viveu seus primeiros anos no sítio da família e estudou em escola mista e rural do pequeno vilarejo de Nhumirim.
Já na adolescência Luiz estudou o ginasial em um colégio de Brodowski, nesta época uma vocação começava a surgir e ele alimentava o desejo de ser padre. Em fins de 1968 mudou-se para a cidade de Ribeirão Preto onde se formou em Psicologia na Universidade de São Paulo - USP. Seguindo sua vocação religiosa, estudou teologia no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo e depois, também, Filosofia.
“Eu espero que o meu coração e os meus comportamentos ainda reflitam a minha vocação cristã. Eu aprendi que a gente tem que ser cristão atendendo no balcão, fazendo o que você esteja fazendo”.
O chamado a vocação sacerdotal não se consolidou e Luiz retornou a Porto Ferreira por volta de 1981, onde casou-se e construiu sua família, assumindo de vez os cuidados com o Tremendão. “Eu tenho uma longa história aqui. Só tenho que agradecer a cidade, sou muito grato a tudo que ela me proporcionou”.
Luiz conta que no início da história do Tremendão, a Rua Nelson Pereira Lopes já era asfaltada, mas as outras ainda não e que havia na cidade poucos espaços de lazer e alimentação. "Tremendão aqui em cima, Dudu lá embaixo e o Gerola que era o restaurante”.
Pouco a pouco, o Tremendão se tornou ponto de referência e encontro para muitas famílias ferreirenses, como a do Zuffo, a Hans Beran, os Perondi, o Toninho Cortez, entre outras. “Quase todo mundo daquele tempo”. Na época, entre as principais saídas estavam os lanches, os salgados e as vitaminas.
Com a popularidade que alcançava inclusive cidades da região como Pirassununga, Descalvado e Santa Rita, o Tremendão passou por reformas e ampliações. A primeira reforma foi no início dos anos 90, alguns anos depois, passou por outra reforma com o objetivo de modernizar as instalações internas, a cozinha e o salão. “Acho que nós temos uma cozinha muito boa, nós temos uma comida muito boa, salgados, lanches muito bons, comida natural, pratos famosos como o filé a parmegiana”.
O local também ficou muito popular entre os jovens de várias gerações por ser ponto de venda para inúmeros eventos e bailes que aconteciam no Porto Ferreira Futebol Clube e no Clube de Campo. “Todo sábado vendia 400, 500 ingressos para bailes”.
“O Tremendão fez parte da história de muita gente, que frequentava as mesas de pedra, o restaurante, teve gente que casou aqui, a gente tem esse orgulho de ter feito parte e continuar fazendo parte”, explica ele.
Para o futuro, Luiz do Tremendão deseja que nossa cidade e como um todo nosso país possa cuidar da natureza e também sanar as desigualdades e misérias. “Temos que cuidar da ecologia, da natureza, é essencial, temos que cuidar de reduzir as diferenças sociais, procurar ter uma sociedade mais justa, mais equilibrada”.
O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.
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